Sinopse
Clássicos adquirem esse status por sua capacidade de transcender a época em que foram escritos, dialogando com questões próprias da essência humana. É o caso de “O Auto da Barca do Inferno”, obra escrita pelo português Gil Vicente, cuja primeira encenação ocorreu em 1517. Uma reflexão poderosa sobre as estruturas da sociedade da época, a dramaturgia continua a ressoar e ajuda a pensar questões dos nossos tempos. Com texto e direção de Antônio Rodrigues, o espetáculo pernambucano se debruça sobre a farsa criada por Gil Vicente para discutir temas ligados à moral, convenções sociais e religiosidade. A obra do dramaturgo, pioneira e um dos grandes referenciais da literatura em língua portuguesa, chamava a atenção para a hipocrisia que cercava os conceitos de bem e mal, em geral construída de forma maniqueísta. Nela, personagens representantes de diferentes setores da sociedade, como um juíz, um corregedor, uma cafetina e um enforcado, que morreu por seus crimes na terra, precisam passar por um julgamento celestial para saber se embarcam rumo ao céu ou ao inferno. Nesse processo, suas ações são colocadas em xeque, expondo as contradições que há dentro de cada um. Na montagem da Cênicas Cia de Repertório, esse universo é trazido para a contemporaneidade, com uma leitura anárquica e provocadora dos temas que permanecem relevantes à sociedade de hoje. Livremente inspirada em Gil Vicente, a peça teve o número de personagens reduzidos para das mais ênfase às temáticas e reflexões da dramaturgia.
Ficha técnica
Direção: Antônio Rodrigues
Assistente de direção: Sônia Carvalho
Adereços: Sônia Carvalho e Monique Nascimento
Iluminação: Rogério Wanderley
Sonoplastia: Chico Vieira
Elenco: Antônio Rodrigues, Ariel Sobral, Caio Greggo, Eduardo Thomaz, Emília Marques, Fabio Queiroz, Felipe Nunes, Gabriel Gomes, Gabriela Cicarello, Guto Santana, Hyrlis Leuthier, Lisandra Batista, Pedro Carvalho, Ricardo Andrade, Thallis Ítalo, Valécio Bruno.